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sábado, 31 de março de 2012

Mais uma folheada no livro de poesias

O CACTO

Aquele cacto  lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constragido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados,
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra
de feracidades excepcionais.

Um dia um tufão furibundo abateu-o pelo raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fornteiro,
Impediu o trânsito de bondes,  automóveis,  carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quantro horas privou a cidade de iluminação e energia:
-Era belo, áspero, intratável.

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