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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As Bacantes - de Eurípedes



As Grandes Diosnisas era o festival mais popular da Grécia antiga, e o concurso de tragédias o auge do festival, Dioniso é o deus do teatro, se uma peça não agradava ao público era comum a expressão: -e o que isso tem a ver com Dioniso?
Eurípedes, um dos três grandes dramaturgos gregos conhecidos, venceu seu último concurso após a morte com a peça "As Bacantes" contando a volta de Dioniso à Grécia após sua campanha pela Ásia, impondo sua divindade.
Dioniso chega a Tebas, sua terra natal, duvidam de sua divindade, a mãe e tias do rei Penteu (seu primo), lhe negam ritos e louvores, ele não aceita e as atrai enlouquecidas, junto à turba extasiada de mulheres que largam seus lares e afazeres, filhos e maridos, um deus-demônio, as leva ao alto dos montes, gritando Rumor, Evoé, Baqueu,entoando hinos: "Ó venturoso! Por teu demônio bom, o deus te instrui em teu mistério. Consagrá-la a vida imácula! Anime o tíaso, tua alma-psiquê, nos montes - pura catarse! Dionisa-te!".
Tirésias, o sábio adivinho cego, chega ao palácio a alertar Cadmo, antigo rei que transferiu o trono ao neto, para que rendam preces a Dioniso, um deus entre os mortais, filho de uma filha de Cadmo, urge dançar, paramentar-se com peles e cingir a fronte com hera, balançar o tirso, adolecer ao som da dança, dar as graças que uma divindade merece.
O rei Penteu chega de viagem, se indigna com  esse suposto deus que "introduz mulher onde a uva brilha", que arrebatou para orgia no alto dos montes sua mãe Agave e suas tias, revolta-se ao ver seu avó paramentado para sevir a Baco, critica-o e acusa a Tirésias de introduzir esse novo demônio, um promotor de mistérios perniciosos. Tirésias o adverte: -esse deus, não sabes quão magno será na Grécia, ele que trouxe ao mundo o sumo invento da vinha, alegria para os homens, esquecimento para o diário dissabor "quando o divino adrenta o corpo, faz dizer o futuro a quem delira", acolhe o deus em Tebas, liba, dionisa-te, coroa-te de hera! Dioniso não impõe moderação à mulher, deixa tua mãe, deve considerar que em bacanais, não se corrompe quem é moderada, não maquine contra um deus, urge dançar. Cadmo corrobora com Tirésias: meu neto, sua tia é mãe de um deus, evita o teu sofrer, não se enfrentam os deuses: "Vagas, sem atinar que desatinas". Penteu rechaça seus conselhos,
manda prender as bacantes e trazer até si o responsável por tamanha desordem. Dioniso se transfigura em mortal, parte do tíaso e se oferece para ser levado a Penteu que o interroga. Dioniso impassível, reafirma o poder de Baco, e é desmentido por Penteu:
Penteu: -O que acontece nesse bacanal?
Dioniso: -É saber vedado aos não-dionisos.
Penteu: -Celebras ritos noturnos ou diurnos?
Dioniso: -Noturno sobretudo. A treva é sacra.
Penteu: -Para as mulheres, uma burla sórdida.
Dioniso: -Também de dia o torpe mostra a cara.
enfadado com sua loquacidade o rei manda prender o deus. Preso, Dioniso vai mais longe, incendeia o tumulo de Sêmele, sua mãe, e põe em ruínas parte do palácio, suas correntes se soltam. A verdade é inútil aos olhos do rei impassível. Nisso chega um mensageiro real, que relata que a mãe e as tias do rei lideram o tíaso dionsíaco, amansam feras, colhem vinho  da terra com os dedos, fazem brotar mel por seus tirsos, despedaçam animais vivos com as mãos, participam da orgia dionisíaca, um bando de homens que as foram perseguir, foram dilacerados por elas, acusados de espionar o ritual sagrado, não permitido aos não iniciados; armas não ferem seus corpos. Ao saber que sua mãe se entregava a tal rito, mais indignado o rei fica, e ele declara guerra ao deus. Ainda sob forma humana Dioniso volta a frente de Penteu que o julgava preso, ele recomenda ao rei que faça um oferenda, mas ele não aprova esse deus-demônio. Dioniso o sugere levá-lo ao lugar onde acontecia o bacanal, o rei concorda, o deus o convence a se vestir como mulher,  colocar uma peruca para que não seja reconhecido e morto pelas bacantes, portar o tirso e se vestir como as dionisas, o rei aceita a humilhação e segue para espionar o tíaso. Dioniso conduz o rei pela pólis para que riam dele seu povo e sabe que após ser dilacerado pela mãe, ninguém duvidadará desse terribilíssimo e gentil deus. O fim trágico se aproxima. Dioniso instiga as mênades sobre o espião do secreto rito, dobra o alto da montanha e o entrega de bandeja para as bacantes, Agave, a mãe do rei é a primeira a arrancar-lhe o braço, suas irmãs de sangue em seguida, as  bacantes o fazem em pedaços. Ainda em transe a mãe conduz pela cidade até o palácio a cabeça do filho, Cádmo lamenta a infeliz sorte da família privada de seu único varão, perdendo a linhagem na dinastia de Tebas. Dioniso vingado reafirma a glória de um nato não de mortal, mas de Zeus-pai, único deus de mãe mortal.

Para saber mais - clique no marcador Dioniso:
-O nascimento de Dioniso
-Dioniso e o vinho
-O tíaso

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