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sábado, 29 de janeiro de 2011

Lolita

CAPA DO FILME DE STANLEY KUBRICK
Você se sente na mente de um pedófilo ao ler o livro de Vladimir Nobockov, umas das características que mais gosto em livros é quando você entende a motivação do personagem, como Flaubert faz divinamente em Madame Bovary, a entendiada dona de casa francesa. O livro que deu origem a expressão que consagrou todas as ninfetas é maravilhoso. Paro em casa a ver no Cinemax o segundo filme feito baseado no livro, a obsessão do narrador pela garota, sua desorientação, esse filme é mais fiel ao livro, o genial Satanley Kubrick diretor do primeiroo filme, se mantem fiel ao seu estilo sombrio, a película em preto e branco tem uma lolita mais mulher fatal, um pouco mais velha, 18 talvez, nosso narrador prefere moças mais jovens. Mas não fazem sombra ao livro, você não entenderia tão bem o que se passa na cabeça de um pedófilo.Para o livro: 10.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Rubem Braga e o Carnaval: "Os carnavais de antigamente"

E como era o seu carnaval, como via a suprema das festas. Como nós brasileiros sentimos o extâse dessa festa, dessa embriaguez, dessa libertação, poder ser o que se quer, fazer o que se quer, a obrigação de festejar?   

     Para responder, há tempos, a uma enquete de jornal, fiz um esforço para apurar minhas primeiras lembranças carnavalescas. Vi-me a mim mesmo e a meu irmão, muito pequenos  mas de calças compridas, uma faixa vermelha na cintura, com bigodes e costeletas pintados a rolha queimada… De pouco mais me lembro, mas creio que éramos nada menos do que mexicanos. Também tenho uma vaga noção de que cheguei cheguei a apache, mas não estou muito seguro.
    O que me encantava, e até hoje me seduz no carnaval, era a transfiguração das pessoas. As pessoas grandes que eu via todo dia em Cachoeiro, sérias, em seus trajes vulgares, de repente viravam piratas, cowboys, esqueletos, cossacos, índios, sultões, mosqueteiros, palhaços, cozinheiros, almirantes. De um certo ponto de vista parece que eu “acreditava” um pouco nas fantasias, isto é, passava a associar aquelas pessoas às fantasias que tinham usado no carnaval, como se essas fantasias fossem a sua verdade secreta. O disfarce era uma revelação, eis o que eu sentia inconscientemente.


***

    O cheiro de lança-perfumes, os confetes, as serpentinas, a musica, tudo era transfiguração. Para o adolescente tímido, as mocinhas deixavam de ser intocáveis ao mesmo tempo que ficavam muito mais maravilhosas – ciganas, piratas de coxas nuas, odaliscas, bailarinas, pierretes.
    Só no carnaval eu tinha coragem de dançar; ele é a grande festa dos tímidos. Moças que passavam por mim na rua apenas murmurando um “bom-dia”, com um rápido olhar – que milagre! – no carnaval sorriam, cantavam para mim, olhos nos olhos, se deliciavam com o jato do meu lança-perfume, deixavam que eu enchesse seus cabelos de confetes, que as prendesse eternamente com voltas de serpentina – e havia momentos de quase êxtase no tumulto das danças. 

***

    Havia uma instituição espantosa para nossa cidade pudica: era, digamos assim, o carro das mulheres. Naturalmente um grande carro aberto cheio de mulheres fantasiadas, a jogar serpentinas, empunhando bisnagas de cem gramas, pintadíssimas, alegríssimas, passeando escandalosamente no meio da gente e dos carros familiares, entre blocos de mocinhas. E todo ano havia um rapazinho que se embriagava e saía no carro das mulheres. Ia ali abraçando a duas gordas, empunhando uma garrafa de cerveja, enfrentando a censura das famílias, mostrando que já era homem, que era farrista, que era um perdido.
    O moço de família que tinha a coragem suprema de fazer essa exibição me parecia um herói do vicio. Moças recusavam-se a dançar com ele na noite seguinte, no baile dos Caçadores; era, durante algum tempo, um intocável, um imundo. Mas os homens mais velhos comentavam aquilo sorrindo, com simpatia: rapaziadas…

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crónica de una muerte anunciada

Pra praticar um pouco o espanhol comprei em castellano, o que me  fez levar mais de uma hora por capítulo. Gabriel García Márquez, autor do imperdível "Cem anos de solidão", que todo mundo precisa ler, continua leve e divertido neste conto sobre a morte de Santiago Nasar, inevitável, afinal, ele já estava morto mesmo. Todas as nuances possíveis são exploradas pelo autor. Diversão garantida, o livro vale a pena. Nota 7,0.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

No Brasil o ano só começa depois do carnaval...

A primeira de 3 crônicas de carnaval do velho Rubem que vou postar, a que mais gosto é a que vai ficar por último e deve sair antes do carnaval, uns dias antes da festa. Diamantina aí vou eu

Os Romanos
                                                                                                            Rubem Braga, fevereiro de 1949

Foi no Leblon, no domingo de sol, e não era escola de samba
nem rancho direito, era apenas uma tentativa de rancho, sem
mulheres, sem música própria. Eram quase todos negros e
mulatos, quase todos muito fortes e vestidos da maneira mais
imaginosa, com saiotes e escudos e capacetes com muitos
dourados e prateados, e de espada na mão. Cantavam o
samba estranho “Maior é Deus no Céu” e no estandarte estava
escrito assim: “Henredo o Império Romano”.
Todos achamos graça nesse H que dava ao enredo, que afinal
não era enredo nenhum, uma súbita solenidade, sugerindo
graves palavras históricas e heróicas, hostes de hunos,
hierofantes, hieróglifos e hierarquias. E era muito guerreira a
marcação da bateria – e Júlio César, com seu capacete de
papel prateado de dois palmos de altura acima do pixaim, e
brandindo com o enorme braço negro uma espada de ouro,
nunca esteve tão soberbo na sua glória.
Não, não morreu o Império Romano, embora Mussolini fizesse
questão de suicidá-lo pela segunda vez. Ele rebenta soberano
do fundo dos carnavais e tu, Marco Antônio, continuas a
suspirar pela serpente do velho Nilo. E tu, Cleópatra, continuas
a dizer ao homem que envias para vigiar o teu amado: “Se o
achares triste, dize que eu estou dançando: se o achares
alegre dize que adoeci de súbito...”
E esses pretos e mulatos que hoje dominam o mundo com
suas espadas de bobagem, e se fazem Neros e Brutus e
Calígulas, são os mesmos que de súbito se precipitam
esfarrapados no “sujo” mais feroz – pois quando não são
imperadores preferem ser miseráveis terríveis e não os pobres
contribuintes da taxa sindical do ano inteiro.
A secreta gravidade e a espantosa riqueza do carnaval
chocam-se com essa arrumação extraordinariamente pífia que
os decoradores da Prefeitura fizeram na Avenida, em um
requinte de mau gosto que tenta ser popular e sendo apenas
ruim – e com a indigência mental desses carros alegóricos
subvencionados, sem espírito, nem beleza, nem nada.
Pelo gosto da Prefeitura acabaríamos na infinita palermice de
um carnaval de Buenos Aires, com aqueles funcionários
municipais fazendo préstitos e a multidão aborrecida e enorme.
Mas no seio do povo rebentam as imaginações como flores de
loucura, esses sambas chorando, esses batuques heróicos,
essa invenção incessante onde se despeja toda a fantasia, toda
a tristeza, toda a opressão dos homens.
Bem-aventurados os que fazem o carnaval, os que não fogem
nem se recolhem, mas enfrentam as noites bárbaras e acesas,
bem-aventurados os gladiadores e Césares e chiquitas e
baianas, e que a vida depois lhes seja leve na volta do sonho
em que se esbaldam!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Xica da Silva - Filme de Cacá Diegues

Xica da Silva é um dos personagens mais enigmáticos da história de Diamantina. Zezé Mota nua em pelo seduz o contratador português que cuidava da exploração de dimantes para a coroa portuguesa. De verdadeiro parece que o filme só tem o romance entre os dois, mas não deixa de ser interessante pensar que uma mulher negra e escarava era a esposa de um dos homens mais ricos do Brasil colonial. Vale a pena conferir a bem enredada estória contada por Cacá Diegues neste filme da dédada de 70. O apetite sexual voraz e sua habilidade para conseguir o que quer tornam a película leve e divertida. Nota 7,0 pro filme.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Como Dioniso era retratado

Nas primeiras imagens em cerâmica grega em que Dioniso apareceu era retratado como um homem de longa barba,sempre com a cabeça cingida de hera essa sua principal característica, era comum na figura aparecer ramos de parreira brotando, especialmente nas bordas, vestia uma pele de animal selvagem. Uma estoria da infância de Dioniso conta que ele de muito pequeno já caçava animais selvagens só com as mãos deixando orgulhosa sua avó. Panteras e tigres, aparecem como acompanhantes do cortejo de Dioniso e às vezes puxam o carro que traz o deus. Acompanham-no também os sátiros, com cornos, grande orelhas, rabo, barba, às vezes são retratados hitifálicos, Sileno, o ébrio tutor de Dioniso desenhado como um sátiro maior diferenciado dos outros, e as mulheres suas maiores seguidoras, as mênades se mostravam por vezes dançando, em uma posição típica do êxtase dionisíaco, jogavam a cabeça para trás e deixavam os braços soltos. Outro objeto comum em pinturas de Dioniso é o seu cajado, o Tirso, uma bastão com uma pinha na ponta, por vezes coberto com folhas de hera. Posteriormente foi retratado mais jovem, efebo, de visual por vezes andrógino. Sempre vestido como um deus, nas pinturas após o Renascimetno, foi pintado com a beleza que só os deuses têm, muitas vezes com a presença do vinho, algumas acompanahdo de sua amada Ariadne

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Quer terminar?!... Termina... Eu vou pro carnaval de Diamantina..."
"Se terminou... amém... vem pra Diamantina ocê também..."

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Baiúca - onde é mais fácil me encontrar no Carnaval

Palco antigo do carnaval de Diamantina, o beco da Baiúca é um dos lugares mais tradicionais da cidade, onde tocam nas janelas e varandas as bandas da cidade durante a Vesperata. É também onde ficava antigamente o palco principal e me recordo de uma vez em que a Bat-caverna animou a galera das janelas do Clube Acaiaca. É o meu lugar preferido no carnaval, hoje em dia há uma trance que rola por toda a noite com música eletrônica de ótima qualidade, é onde se encontram os mais maluquinhos e descolados do caranval. Outro motivo pelo qual prefiro a Baiúca e por ter menos gente, assim a operação de ir ao banheiro se torna mais fácil, a locomoção por aquela área, embora não seja fácil, é mais cômoda que pelo mercado entupido de gente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Praça do mercado - onde bomba no carnaval de Diamantina

A Praça do Mercado, concentra no carnaval a maior aglomeração de gente da cidade, os becos que levam até lá ficam intransitáveis. Bartucada e Bat-caverna, as duas bandas de percussão da cidade se revezam nos sambas em sua maioria. Bandas que têm uma bateria completa acompanhando-as são parte integrante da folia em Diamantina.

Diamantina - Minas Gerais

Cidade do interior mineiro, famosa pelo casario colonial, por ser a cidade natal de um dos mais populares presidentes do Brasil: Juscelino Kubitschek e também pelo mito da escrava negra que conquistou o coração do contratador de dimantes português: Xica da Silva. Tombada como patrimônio histórico da humanidade pela Unesco, é uma cidade linda, com uma energia toda própria.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Carnaval - E Dioniso inventou a festa

As festas em homenagem a Baco moldaram o nosso conceito de festa atual: música, dança, bebida, junção de pessoas, encontros pessoais, diversão, as festas em cada demós, elas muitas vezes também foram citadas como precursoras do Carnaval. Nas festas em homenagem a Dioniso havia dança e música, gente fantasiada e desfiles, mais tardiamente, quando abandonou a clandestinidade e passou a ser adorado em toda a Grécia, essas festas se tornaram grandes acontecimentos sociais. Dioniso era um Deus estrangeiro, que chegava a Grécia pelo mar após uma longa campanha impondo sua divindade pela Ásia. Nas festas Dionisicas muitas vezes havia o desfile do deus em um barco sobre rodas, o "Carro Naval",  a semelhança com o nome Carnaval é inevitável. Um outro fator que associa o nome carne à festa dionisíaca é o ritual da "homofagia", empregado durante as primeiras formas de adoração a esse deus: um animal era esquartejado pelos paricipantes, tal qual os Titãs fizeram ao pequeno Zagreu, e sua carne era comida crua. Desfiles, música, gente fantasiada, bebida, alegria, aglomeração de gente, "a festa da carne".

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

É tão bom ter amigos

O bom da vida são os amigos, e temos de aprender a valorizá-los. Não existe de mais agradável do que a energia que flui enquanto se está com pessoas de quem se gosta e que gostam de você, sentindo satisfação por estar sendo amado. Deixei essa festa acima no meio, passei o Natal e o Ano Novo em outro país, longe dos amigos e da família, não é certo. Essa energia é essencial, precisamos dela para viver melhor, faz falta. Devemos aproveitar toda a chance possível de estar com aqueles de quem mais gostamos e que sabemos que gostam da gente, passemos a vida como amor, curtamos a dádiva da amizade, sempre o máximo possáivel.

No llores por mi Argentina...

Buenos Aires é uma cidade linda, os e edifícios antigos em sua maioria bem preservados e ostentosos, as praças imensas e várias, algumas cercadas com grades, outras cheias de esculturas. O ar europeu que dizem que a cidade tem, creio que vem daí e do espírito um pouco mais frio, em comparação ao brasileiro, os argentinos são distantes, alguns fazem seu trabalho como se estivessem te fazendo um favor, não todos, claro, mas você não escapa de um olhar de desdém. Os táxis são baratos e fartos, muitos carros velhos, não é difícil ver um parado quebrado no meio da rua. O trânsito é ruidoso, os motoristas não dão seta ao virar, o sinal não fecha totalmente em uma avenida, está verde para você passar mas pode vir um carro, tem de passar antes deles. As pessoas não usam cor, tudo é cinza ou azul escuro, pretinhos básicos, há muitos louros, e tenho a impressão de que tintura pra cabelo loira vende bem mais que negra, quanto mais velhas, mais louras ficam. Do tamanho do Messi tem um monte, e deu pra notar que há duas etinias básicas, uma índia nativa, que em sua maioria é a população trabalhadora, trabalha nos supermercados, imigrantes também, e os porteños, louros ou não, claros, bonitos, mas eu prefiro a mulher brasileira. A noite começa tarde, depois de duas, e termina depois do sol nascer, é boa, muito boa. A comida também, a carne é imensa, metade do seu prato de comida, tem-se a impressão de que o único salgado da cidade é a empanada, que é riquísima. Há muitas livrarias e bancas e restaurantes e "florerias", Há pobreza, gente dormindo nas ruas, mas se tem  uma sensação de segurança, é fácil e acessível, o que interessa pra ver da cidade está do lado do centro. É um ótimo lugar para ir, o real está bem valorizado, o que deixa a estadia em Buenos Aires mais barata que no numa grande cidade do Nordeste. E se eu voltaria? Claro, espero um convite.

Impressões de Buenos Aires